sábado, 17 de dezembro de 2011

O que é Educação Ambiental

Antônio Wanderley de Melo Corrêa
Concepções e conceitos
Para que ocorra a Educação Ambiental - EA é necessário conhecer as concepções de Meio Ambiente das pessoas envolvidas na atividade.
Existe confusão entre os conceitos de Ecologia e Meio Ambiente. Ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e o seu ambiente físico e natural. O ecólogo é o estudioso e o ecologista é o militante político. Meio Ambiente é um local determinado onde estão as relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais, gerando transformações na natureza e na sociedade.

Características básicas
A grande causa do problema ambiental é o consumo excessivo de recursos naturais por uma pequena parcela da humanidade e no desperdício e produção de artigos inúteis e nefastos à qualidade de vida.
O que deve ser priorizado são as relações econômicas e culturais entre a humanidade e a natureza e entre os humanos.
A necessidade da EA enquanto educação política: torna o cidadão reflexivo, ativo e muda seu comportamento cotidiano. Ele/a passa a exigir justiça social, cidadania planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza. Ele/a questiona as opções políticas e culturais atuais. Somente apóia o crescimento econômico que não seja nocivo ao ser humano e ao planeta.
A EA é necessariamente criativa, inovadora e crítica, impregnada da utopia de mudar radicalmente as relações entre a humanidade e a natureza.
A EA contribui para o “pensar no global e o agir no local”: Incentiva o individuo a participar ativamente da resolução dos problemas no seu contexto específico. É o cidadão do mundo atuando em sua comunidade.
A EA por si só não resolverá os complexos problemas ambientais planetários, mas influi decisivamente para isso. O pensamento global e a ação no local provocam mudanças no sistema (sem resultados imediatos e visíveis). O problema ambiental foi criado pela humanidade e é dela que virá a solução.
Onde e quando
A EA deve estar presente em todos os espaços que educam o/a cidadão/ã: escolas (em todas as disciplinas, com criatividade, enfatizando o ambiente onde o aluno vive e estudando in loco), universidades (formação de profissionais), reservas e parques ecológicos (preservar e pesquisar fauna e flora), sindicatos (condições de trabalho, insalubridade e segurança), associações comunitárias (problemas ambientais cotidianos), meios de comunicação social (conscientização da população). Em cada um desses contextos tem características, especificidades e interesses.
Não há limite de idade para o estudante, porque tem um caráter de educação permanente e dinâmica. Seu conteúdo e metodologia são variados, adequados às faixas etárias dos educandos.

Objetivos
            Segunda a Carta de Belgrado (1975), os objetivos da EA são seis:
1.    Conscientização – Sobre o meio ambiente global e os problemas conexos e de se mostrarem sensíveis aos mesmos;
2.    Conhecimento – Adquirir compreensão essencial do meio ambiente global, os problemas ligados a ele e a responsabilidade de cada um;
3.    Comportamento – Adquirir interesse profundo pelo meio ambiente e a vontade de contribuir para a sua proteção e qualidade;  
4.    Competência – Buscar adquirir meios técnicos com a ajuda de especialistas e conhecedores do problema;
5.    Capacidade de Avaliação – Avaliar medidas relacionadas ao meio ambiente, decifrando a linguagem dos projetos de risco ambiental;
6.    Participação – Necessidade de ação imediata para a solução dos problemas, participar na construção da cidadania.

Conteúdos
            São vários os conteúdos da EA, tais como: saneamento básico, extinção de espécies, poluição em geral, destruição da vegetação, biodiversidade, efeito estufa, reciclagem (de lixo, de resíduos industriais, de óleo), energia e combustíveis (poluentes e não poluentes), comportamento ambientalmente correto, etc.
            Os conteúdos e conceitos científicos da Biologia e da Geografia devem estar relacionados com os problemas ambientais gerais e cotidianos.

Metodologia
            Muitos são os métodos possíveis para a realização da EA: aulas expositivas bem preparadas e bem dadas, deixando espaço para questionamentos; induzir os estudantes a fazerem observações, pesquisas e experiências; induzir o grupo a agir na solução do problema através da criação de clubes ecológicos, produção de jornais, mutirões de limpeza ou de plantio de árvores, mobilizações da comunidade e passeatas; estudos interdisciplinares sobre o mesmo tema, com as contribuições específicas de cada disciplina, proporcionando intercâmbio de experiências entre educadores e educandos; excursões pedagógicas a reservas, bairros, empresas, paisagens urbanas e naturais, levantando os problemas ambientais,  contados através de apresentações artísticas, lúdicas e com o uso de meios de comunicação (filmes, fotos, blogs, jornais impressos, cartazes, murais).
            Um método não anula o outro, pelo contrário, esses e outros se completam.  

Avaliação
            O processo de avaliação depende dos objetivos da prática educativa. A avaliação serve para identificar o conhecimento adquirido.
            Se a EA fundamenta-se na mudança da mentalidade, comportamento e valores, a avaliação deve ajudar a identificar os problemas ambientais e como solucioná-los. Assim, avaliar é estimular a reflexão, o diálogo e a auto-avaliação, a partir do conhecimento científico e as relações sociais e culturais da comunidade onde se vive.
O “pensar global e agir no local” é o mote da avaliação da EA: os problemas da humanidade estão acima dos interesses individuais; atitudes e comportamentos necessitam serem revistos, tendo em vista uma nova noção de responsabilidade com o planeta e com a comunidade.

Fonte: REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. 4ª Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2006.



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