José
Jussiêr Ferreira*
A cidade de Cedro de São João, na noite do dia 10 de agosto, foi cenário de vívidas
atividades intelectuais e culturais. Lá se encontraram amantes das artes, da
música e do conhecimento. Isto tudo proporcionado pelo lançamento do livro Coletânea dos Meus Versos de Antônio
Pedro Caldas, conhecido por Tonho Coca.
Quem por lá estava, desfrutou de
incomensuráveis emoções. A quadra de esportes daquela cidade foi delicadamente,
decorada para testemunhar as emoções que se tinham por vir. A família do seu
Antônio Pedro Caldas preparou surpresas inimagináveis.
Uma breve biografia foi relatada a cerca do
personagem principal, Tonho Coca. Homem simples, trabalhador, a frente do seu
tempo, visionário, ativista político e, sobretudo, dono de uma inteligência
digna de se admirar. Seus escritos, versos de um cordel, fluem igual ao
desenrolar de um novelo singelo, como a vida pacata, ordeira da cidade onde
nascera e mora. Porém, refletindo as angustias, dores, mágoas, ressentimentos, alegrias
da terra, da lida e da vida que se tem naquele regaço.
Estas lembranças, vicissitudes transformadas
em um livro, pelos seus familiares e apresentadas a todos que ali se faziam
presentes, revelam a sensibilidade, a perspicácia, o olhar atento, arguto do
autor para as coisas da sua cidade e do seu tempo.
Momento emocionante, quando ele próprio, Tonho
Coca, recitou seus versos. Aos 82 anos de idade, sem a necessidade de ler uma
só linha do que fora escrito por ele mesmo.
As palmas não foram poucas, a admiração e o entusiasmo da plateia foram
maiores ainda. Bem humorado, mente arguta, declamava, gestuava, dramatizada
seus versos, como se fosse menino e, mesmo distante, podia-se ver seus olhos
brilharem. Parecia que óculos não lhe faziam falta.
Versos e cantorias demonstraram
ser um par perfeito. Uma boa combinação. Com repertório irretocável, apresentaram-se
no palco brilhantemente para a alegria de todos, Wilson Aragão, Giló, Banda
Casaca de Couro e Jorge, interpretando maravilhosamente bem e, emocionado, Coração Materno, de Vicente Celestino.
Wilson Aragão, parceiro do saudoso Raul
Seixas, voz calma, tom baixo, quando fala já parece cantar. Interpretou
diversas músicas do cancioneiro popular e é claro, Capim Guiné, de própria autoria, gravada por Raul Seixas e levou a
plateia ao delírio, além dos causos
que ele contou.
Giló, com seu estilo irreverente, exímio
violonista, excelente cantador, faz o que quer
com a voz maravilhosa que Deus lhe deu, nos presenteou com clássicos do nosso
mestre Luiz Gonzaga e outros bons nomes da nossa boa música nordestina.
Casaca de Couro, considerada a melhor banda
de forró pé de serra do Estado de Sergipe e além-fronteiras, trouxe um repertório
com o melhor da nossa música nordestina, relembrando as nossas iluminadas
noites de São João. Casais dançavam alegremente e até improvisou-se uma
quadrilha junina liderada pela neta do seu Tonho Coca, principal personagem da
festa.
Assim, foi aquela noite, em Cedro de São
João. Um presente para todos os amantes da arte, da música e da poesia. Momentos
que jamais se apagarão da mente de todos que, naquela cidade, se fizeram
presentes e, sobretudo, da memória do seu Antônio Pedro Caldas, o Tonho Coca,
homenageado, com toda justiça e merecimento, brilhante poeta. Sergipano de
grande valor.
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*Licenciado
em História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professor da Rede
Estadual de Ensino. Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
pela Faculdade São Luís de França (FSLF). Especialista em Gestão de Políticas
Públicas em Gênero e Raça / GPP-GeR pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Membro do CCP (Centro de Cultura de Propriá).
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